Salve Gegê, Compa Guerreiro!
As Mães de Maio estão atentas e juntas até o fim, passo a passo, até a sentença de Liberdade (que já demorou para ser pronunciada) em seu Julgamento Jurídico. Estamos absolutamente certas, e na real exigimos!, que termine logo mais esta farsa do sistema, este pesadelo que tanto sofrimento injustificável já causou pra Você e para todos os seus. Para tod@s nós. Afinal sabemos que no verdadeiro Julgamento da História, ao contrário da miserável sociedade capitalista que vivemos, a Verdade e a Justiça prevalecem. Só que aqui-agora, no cotidiano, estas dão mais trabalho pra serem Conquistadas...
Toda sua História de Luta, Guerreiro, diz por si só sobre o tamanho da Injustiça que querem cometer contra você. Mais uma. Mais um absurdo. E desta vez pegando bem pesado em toda armação. Sabemos que as Elites e o Estado mostram todas as suas garras frente a um Negro Paraibano que Ousou Levantar-se contra a Opressão e a absurda existência de milhões de Sem-Teto pelo país. Pobre consciente e organizado é um Perigo! Por isso sabemos que a ofensiva contra você é Política, como Política tem sido toda a Ofensiva Genocida contra o restante da população Pobre, Nordestina e Negra de todo o país. A mesma ofensiva que vitimou noss@s filh@s.
Mas Unid@s somos mais Fortes, Guerreiro: Unid@s somos Mais!
Tâmo junto até o Fim, Compa Gegê! E não nos calaremos frente a qualquer outra decisão jurídica que não seja a garantia ampla, geral e irrestrita do Fim deste seu Sofrimento!
Respire fundo, erga ainda mais a Cabeça, que a partir da sua Absolvição, em breve, muitas outras Lutas Coletivas vamos seguir trilhando Junt@s!
Até esta Vitória! Logo mais!
Mães de Maio
Concentração máxima no Fórum da Barra Funda
Movimentos sociais, sindical, estudantil e parlamentares ocupam na tarde desta segunda-feira (4/4) o Plenário 4 do Fórum Criminal da Barra Funda para acompanhar o juri e prestar solidariedade a Gegê. A sala com cerca de 50 lugares está lotada. Do lado de fora do Fórum defensores de Direitos Humanos mantêm vigília.
Os deputados federais Ivan Valente, Paulo Teixeira, Janete Pietá, a vereadora Juliana Cardoso, Jamil Murad e o ex-vereador Beto Custódio estão no Plenário. Estão presentes também representantes da Central de Movimentos Populares de Minas Gerais, Brasília e Ceará.
O juri começou com atraso. Estava previsto para às 13h, mas a sessão foi aberta por volta das 14h30. Neste momento o senador Eduardo Suplicy faz a defesa de Gegê, é a primeira testemunha a falar. Logo após as testemunhas de acusação terão a palavra e em seguida novamente as de defesa serão escutadas.
DOMINGO, 3 DE ABRIL DE 2011
Depois de oito anos impedido de viver com dignidade, Gegê já se diz condenado
Matéria publicada por Rede Brasil Atual (2/04)
A poucos dias de ir a júri popular, por um crime que, garante, não cometeu, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, teme que sua liderança popular seja mais uma vez criminalizada. "Depois de me ver envolvido (num crime) sem sentido nenhum, porque eu não estava no local quando houve a desavença, eu não devo, mas temo", indica. "Querem calar a voz de quem não tem cidadania garantida", prossegue.
Gegê é uma das lideranças do Movimento de Moradia no Centro (MMC) e da Central de Movimentos Populares. Nesta segunda-feira (4), ele vai a júri popular, sob a acusação de, em 2002, dar carona ao assassino de um homem que morava no acampamento sob coordenação do MMC, próximo à avenida do Estado, na capital paulista.
O primeiro julgamento do caso estava marcado para setembro de 2010, mas foi adiado a pedido do representante do Ministério Público, responsável pela acusação. O promotor alegou que não conhecia todas as provas apresentadas pela defesa.
Em entrevista à Rede Brasil atual, Gegê disse que já se sente condenado há oito anos por um crime que não cometeu. "Para mim, já estou condenado depois de oito anos sem poder viver dignamente", diz.
"Eu jamais, jamais me permitiria tirar uma vida, ou dar carona no meu carro, a alguém que fizesse isso", afirma. "Na minha vida, a vida tem valor e não tem preço. Até um assassino deve pagar mas com a vida, vivendo longamente para pagar o que fez", sentencia.
Gegê conta os dias com esperança de virar a página dessa parte de sua vida, de prisões, acusações e injustiças, declara. "Tenho esperança ao avaliar que os jurados possam perceber que as acusações são na verdade contra a classe trabalhadora", apontou em entrevista à Rádio Brasil Atual. "Sou um cidadão indo a júri sem saber o porquê", lamenta. "Estou ansioso, sem dormir, nunca vi um júri", descreve.
Segundo a defesa, o autor do assassinato é conhecido e identificado, mas nunca foi preso nem processado. O nome não é mencionado, mas a situação reforça o argumento de que se trata de perseguição. "São muitos anos e até hoje isso não foi tirado a limpo", lembra.
Gegê é irmão do cantor e compositor Chico César e tem uma longa trajetória de militância social e sindical, como um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do PT e dos movimentos de moradia, acredita que, em parte, a acusação surgiu por sua ação contra o uso de drogas nos acampamentos do movimento. "Não admitimos drogueiro e drogados, nem violência contra mulheres e crianças."
Um grupo pequeno, segundo ele, que não fazia parte inicialmente do acampamento, mas que "foram chegando" ao saber da concessão do terreno pelo governo do estado, discordava da filosofia do acampamento. Eles teriam aproveitado o crime para desacreditar a liderança do movimento.
José Roberto, o homem assassinado, tinha histórico de alcoolismo e teria provocado um visitante que visitava o sogro no acampamento do movimento de moradia. Uma semana depois, o visitante retornou e matou José. "Dizíamos: bebeu não entra, mas ele pulava o muro e entrava", conta Gegê. "Ele dava muito trabalho para a coordenação local do movimento devido à embriaguez e acabou mexendo com o homem que o matou."
Embora o crime tenha acontecido em 2002 e no momento o líder sem teto não estivesse no local do crime, em 2004 ele foi preso, acusado de coautoria do crime, por uma suposta carona ao assassino de José.
QUESTÃO DOLORIDA
O acampamento onde houve o crime foi formado também em 2002, depois da desocupação de forma negociada com o governo estadual de São Paulo, do prédio do Banco Nacional, já falido, lembra Gegê.
O então governador, Mário Covas, concedeu um terreno próximo à avenida do Estado para o assentamento de 100 famílias. "Na área só havia sujeira e um esqueleto (de prédio). Nós limpamos em três dias e construímos alojamentos provisórios para o pessoal da desocupação", narra Gegê.
Em pouco tempo, outras famílias chegaram até que foi preciso limitar a construção de barracos. "Um grupo queria mais barracos, mas a luta é para o resgate da cidadania e da dignidade", relembra o militante. Pessoas externas ao movimento e que passaram a morar no acampamento discordavam das regras rígidas quanto a drogas e bebidas, mas, segundo Gegê, sempre houve uma convivência de respeito. "Quanto mais se enfavela, menos cidadania e dignidade as pessoas têm", ensina. Universitários também passaram a estudar o terreno e formas de viabilizar moradias nas áreas.
No dia do crime, Gegê chegou horas depois do assassinato e encontrou o irmão da vítima na entrada dizendo que ele não poderia entrar, porque se não morreria também. Policiais também já chegavam ao local, passaram pelo militante e em seguida retiraram o corpo. Naquele 8 de agosto de 2002, o líder do movimento dos sem teto do centro estava em uma ocupação na rua do Ouvidor, 63.
Depois da retirada do corpo, Gegê entrou no acampamento para ajudar uma mulher que passava mal e precisou ser levada ao hospital. O fato foi descrito no processo como se ele tivesse dado fuga ao agressor.
Em 5 de abril de 2004, Gegê foi a uma delegacia como testemunha da prisão de um bêbado, quando soube pela delegada que era procurado e detido no mesmo instante. Ele ficou preso por 51 dias. "Essa é uma questão dolorida. Nunca imaginei ir ao banco dos réus por um crime que jamais me permitiria cometer", diz emocionado.
Desde sua prisão e do surgimento da acusação, militantes dos movimentos sociais criaram o comitê Lutar não é Crime com uma campanha nacional pelo fim da criminalização dos movimentos sociais e populares.
O julgamento do ativista ocorre na segunda-feira (4), a partir das 13 horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, e deve estender-se até a terça-feira.
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