NOVO MANIFESTO PELA FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE MAIO, E FIM DA "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE"

sexta-feira, junho 01, 2012

Convocatória de apoio ao Quilombo Rio dos Macacos




            Companheiras, companheiros, irmãs e irmãos, nós do Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB (Núcleo Akofena), viemos por meio desta, solicitar apoio para um caso de execração pública que nosso coletivo vem sofrendo. Compreendemos que boa parte de vocês estejam cientes da briga judicial que estamos enfrentando por conta de uma agressão sofrida por uma de nossas militantes.

            No último dia 15 de maio publicamos em nosso blog uma carta denúncia contando das agressões que sofremos, em especial essa mulher preta do Núcleo Akofena, e que foram praticadas por um jovem estudante da UFRB.

            Entendam o fato com alguns trechos da carta:

“O acontecido se passou na “Cabana do Pai Tomaz”, localizado na praça 25 de Junho, na cidade de Cachoeira, durante a festa de comemoração (no dia 13 de maio) da formatura de dois dos nossos quadros, Clissio Santana e Fred Igor. A confraternização era apenas para convidados, o que não era o caso do sujeito em questão: um jovem branco, classe média, estudante do curso de Ciências Sociais da UFRB chamado Pedro do Livramento. Não bastasse o fato de invadir a festa onde se encontrava parentes e amigos dos dois formandos, o jovem agressor passou a se esfregar em Zilda, fazendo menção de agarrá-la. Diversas vezes Zilda sinalizou ao jovem para que parasse com a ação invasiva e desrespeitosa, configurando-se em crime de agressão física, e tentativa de estupro, segundo a lei 12.015/09, já que a violência tinha por intenção fins sexuais, valendo ressaltar que o ocorrido tem mais de 20 pessoas de testemunhas.

Zilda afastou-se do rapaz, e se juntou a família e aos amigos da festa. O jovem Pedro veio novamente na sua direção, dessa vez gritando-a “É por que eu sou branco que não posso me aproximar?”, e empurrou-a. A partir daí, em um gesto de autodefesa comunitária, desencadeou-se uma briga generalizada por conta desse rapaz que estava em um espaço que não era proposto para ele, uma festa que para as pessoas presentes, representava extrema alegria, superação e vitória.
            Na noite do domingo (13/05), através do facebook, Pedro do Livramento enviou uma mensagem a uma outra jovem, desta vez Tamiz Lima, também militante do Núcleo Akofena, e que também estava presente na festa do dia anterior. Na mensagem, Pedro refere-se a Tamiz como sendo a mulher agredida por ele, diz em todo momento que ela se enganou, e reitera sua preocupação com sua imagem e vida social por conta do ocorrido. A partir daí, podemos levantar mais uma discussão: a homogeneização do corpo negro, desta vez do corpo sexualizado feminino negro, Zilda e Tamiz, além do fato de serem negras não possuem nenhuma outra característica física em comum. Em que estado de embriaguez, ou sob efeito de quais substâncias estava esse jovem que não consegue nem ao menos lembrar qual mulher ele agrediu?”.

            Diante disto, tomamos as medidas judiciais necessárias, o processo já está correndo e já aconteceram duas audiências. Mas ao contrário do que esperávamos a comunidade estudantil da UFRB não nos apoiou, ou apoiou a mulher que foi agredida, pelo contrário, no grupo do CAHL (Centro de Artes Humanidades e Letras da UFRB) no facebook, estamos sendo chamados de fascistas, racistas às avessas, radicais, extremistas, intolerantes, preconceituosos, dentre tantos outros adjetivos.

            Contando com o apoio e a solidariedade dos companheiros e irmãos, que como nós, estão na luta diária contra o racismo, o machismo, a homofobia e as desigualdades de classe. E como nós, compreendem o processo de estigma e criminalização que vem sofrendo os movimentos sociais ao longo da história, gostaríamos de pedir um posicionamento público sobre o assunto em forma de nota ou carta aberta de apoio do referido coletivo. Gostaríamos também de reiterar nosso trabalho contínuo de militância de base na comunidade do Viradouro, periferia de Cachoeira, e nossas contribuições na luta junto a Baixa da Linha (Quilombo situado em Cruz das Almas), à comunidade Ilha de Maré, e ao Quilombo Rio dos Macacos, sempre nos colocando disponíveis para os fronts de batalha de toda e qualquer forma de opressão.

            Certos de que contaremos com o apoio dos companheiros e irmãos, e diante da gravidade da situação, pedimos urgência no posicionamento público, desde já agradecemos.

Nenhuma concessão ao racismo, machismo e homofobia.

Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB (Núcleo Akofena)
“Por todos os meios necessários”

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