NOVO MANIFESTO PELA FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE MAIO, E FIM DA "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE"

quinta-feira, maio 13, 2010

Ato lembra Crimes de Maio de 2006




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Ato lembra Crimes de Maio de 2006

RENATO SANTANA
DA REDAÇÃO

Mais um maio sem abolição. Crimes de Maio sem apuração.

Sob esse mote, centenas de pes- soas se reúnem hoje na Praça do Patriarca, Centro de São Paulo, para lembrar os quatro anos dos assassinatos cometidos por grupos de extermínio em 2006. As mortes foram em represália aosatentados cometidos pela facçãocriminosaPrimeiroComandodaCapital(PCC).

Durante a manifestação, será assinado o pedido para que os crimes sejam investigados e julgados em âmbito federal. A intenção era que o processo fosse encaminhadoao procurador geral da República, em Brasília, ontem, mas a Defensoria Pública Estadual decidiu aproveitar o ato e a importância da data."Teremos a presençados quatro peticionários: a Associação de Mães, a Associação Cristã Contra a Tortura, a Justiça Global e a Defensoria. Do ato, segue para Brasília", explicou odefensor Antônio Maffezoli.

O pedido levou um ano e meiopara ser elaborado. Mudar a competência dos processos é algo previsto pela Constituição. "A expectativa é que o Procurador leve o assunto a sério e recomende ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Justiça Estadual não tratou de maneira séria", disse o advogado da Justiça Global, Fernando Delgado. A ONG trabalhou nopedido junto com a Defensoria Pública.

Foram 505 vítimas civis mortas entre os dias 12 e 21 de maio de 2006. Os assassinatos, em sua totalidade, ocorreram nas periferias do Estado com um traço comum de alvos: jovens, pardos e na maioria sem antecedentes criminais.Por essas características, a manifestação de hoje terá a participação de diversas entidades do Movimento Negro. Em 13 de maio também foi assinada a Lei Áurea, a Abolição da Escravatura, em 1888.

MÃES DE MAIO
O momento é de entusiasmo para as Mães de Maio, movimento que reúne mães e familiares das vítimas de 2006. "Lutamos por tudo isso. São quatro anos de dor, suor e medodas ameaças. Resistimos muito para chegar até aqui", disse Débora Maria da Silva, líder da organização.

Ela cita uma frase muito usada por todos que sofreram perdas no período: "Nossa dor é comemorada como indicador da eficiência policial". É a forma de justificar a necessidade de responsabilização do Estado pelas mortes. O movimento participará hoje da manifestação em São Paulo.



"Falamos de famílias destroçadas e queremos saber a razão desses crimes terem sido esquecidos"
DÉBORA MARIA DE SILVA, LÍDER DO MOVIMENTO MÃES DE MAIO

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