11/06/2010-10h03
ANDRÉ CARAMANTE - Folha.com
DE SÃO PAULO
O soldado da PM Pascoal dos Santos Lima foi preso preventivamente (até um provável julgamento) na madrugada desta sexta-feira pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, sob suspeita de ter assassinado o dono de duas farmácias na zona norte de São Paulo.
De acordo com a investigação do DHPP, o comerciante Eder Walter Moreira foi morto a tiros quando saía de uma academia de ginástica, em novembro de 2006, na região da Vila Santa Maria, porque o PM tinha uma desavença com seu irmão, que é suspeito de traficar drogas na zona norte da capital.
A ordem para prender o PM Pascoal foi dada pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri de São Paulo. O PM já está no Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte).
O soldado Pascoal também é apontado pelo DHPP como responsável pelo assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, 48.
À época do crime, na manhã de 16 de janeiro de 2008, o coronel Rodrigues era o comandante da PM na zona norte de São Paulo.
O soldado Pascoal, que ganhou o apelido de Monstro nas ruas de São Paulo, havia sido preso em 24 de janeiro de 2008 (oito dias após a morte do coronel Rodrigues) acusado de matar a mãe de um outro suposto traficante, mas depois foi colocado em liberdade pela Justiça.
Atualmente, o soldado Pascoal trabalhava em uma unidade administrativa da PM que cuida dos carros da corporação, no bairro da Luz (região central de São Paulo).
Semana passada, ao ser questionado, o Comando Geral da PM se recusou a informar à Folha qual era o local de trabalho do soldado preso hoje. Antes de ser colocado no setor de carros da PM, o soldado Pascoal chegou a prestar serviços na própria corregedoria (órgão fiscalizador) da corporação. A prisão do policial nesta madrugada foi cumprida pela corregedoria.
Tiros no coronel
Em julho de 2008, o DHPP apontou o soldado Pascoal como principal responsável pela morte do coronel Rodrigues. Ao todo, ele é suspeito de envolvimento em 12 atentados, entre chacinas e homicídios, que deixaram 17 mortos, isso segundo o DHPP.
Os investigadores do caso acreditam que uma das principais motivações para a morte do coronel Rodrigues foi o fato de o soldado Pascoal ter sido transferido da Força Tática (espécie de tropa de elite de cada batalhão da PM) do 18º Batalhão para o setor administrativo do 43º.
A transferência foi motivada porque Pascoal era um dos PMs que mais se envolviam em ocorrências policiais que terminavam em morte na zona norte.
Para o DHPP, o soldado Pascoal estava insatisfeito com a transferência das ruas para o setor burocrático e, por isso, resolveu matar seu superior na avenida Engenheiro Caetano Álvares, uma das mais movimentadas da zona norte da capital.
O coronel Rodrigues andava de bicicleta, à paisana, e desarmado ao ser atingido pelos tiros de um motoqueiro que encostou ao seu lado para cometer o atentado.
De acordo com o delegado Marcos Carneiro Lima, à época no DHPP, uma testemunha reconheceu o capacete com desenho de chamas, uma moto Falcon, uma jaqueta e uma bota da PM que eram do soldado Pascoal como os mesmos usados pelo assassino do coronel.
Em julho de 2008, quando o DHPP apontou o soldado Pascoal como responsável pela morte do coronel Rodrigues, a namorada do oficial, Ângela Bruno, dizia não acreditar que sua morte havia sido cometida apenas por uma pessoa e por um motivo tão pequeno como uma vingança pela transferência de setor de um soldado da PM.
Disputa pela droga
Outra linha de investigação levantada pelo DHPP para a morte do oficial é a de que o soldado Pascoal, acompanhado do segurança Wellington de Carvalho Franco (já preso) e outros PMs que trabalham na zona norte da capital, disputavam pontos de venda de droga na região e cobravam propinas dos criminosos que não faziam parte do esquema para traficar para eles.
O segurança Franco chegou a assumir participação em três assassinatos nos quais diz ter agido junto com PMs do 18º Batalhão. Ele também é acusado de ajudar o soldado Pascoal a matar o comerciante Moreira, em novembro de 2006.
Chacina
Os exames balísticos feitos nas cápsulas achadas ao lado do corpo do coronel Rodrigues e as recolhidas numa favela do Jardim Marcelina, na zona norte --onde seis pessoas foram mortas numa chacina, em 29 de junho de 2007-- deram positivo.
A perícia apontou também que a mesma arma, uma pistola.380, foi usada no assassinato do entregador de pizzas Valmir da Silva, 34. O crime ocorreu em junho de 2007, na Casa Verde Alta (zona norte de São Paulo).
O soldado Pascoal já foi indiciado pela chacina, pela morte do entregador Silva, pelo assassinato do coronel Rodrigues e, hoje, foi preso pela morte do comerciante Eder Walter Moreira. O segurança Franco também é apontado pelo DHPP como participante na morte do comerciante Moreira.
A reportagem ainda não localizou os advogados de defesa do PM Pascoal e do segurança Franco.
sexta-feira, junho 11, 2010
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ACHO QUE ESTAS PRISÕES FORAM POSITIVAS,POIS COMO MORADOR DA ZONA NORTE,SINTO-ME MAIS SEGURO,ENTRETANTO O JOGO ILEGAL CONTINUA(CAÇA-NÍQUEIS)A QUEM INTERESSA?
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