NOVO MANIFESTO PELA FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE MAIO, E FIM DA "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE"

sexta-feira, setembro 03, 2010

ENQUANTO POLÍTICOS E CAPATAZES SE FAZEM DE VÍTIMA, A POLÍCIA DE SÃO PAULO SEGUE MATANDO PESSOAS NA PERIFERIA


Enquanto o Sr. José Serra tenta posar de vítima para criar um fato neste espetáculo eleitoral, as Mães de Maio vêm a público repudiar os assassinatos que seguem ocorrendo por parte da Polícia de São Paulo - a mesma Polícia comandada até pouco tempo pelo Sr. José Serra, e que segue sendo comandada por pessoas de seu grupo político. A pior violação que o Sr. Serra deveria estar discutindo é a violação de vidas humanas que a polícia de SP vem fazendo cotidianamente nas periferias de todo o estado.

Lembram-se dos Crimes de Maio de 2006? Quando também às vésperas de uma eleição a polícia e grupos paramilitares do estado de São Paulo, comandado à época pela mesma turma de Serra, Geraldo Alckmin e de Claúdio Lembo, matou mais de 500 pessoas pelas periferias durante o curto espaço de uma semana (de 12 a 20 de maio)? Nós nos lembramos bem, pois nossos filhos foram assassinados por policiais e grupos de extermínio naquela ocasião! E enquanto os Josés Serras, do dia para a noite, se escandalizam na TV para que apurem a violação de um sigilo de cartório, nós todas estamos a 4 anos, três meses e cerca de 15 dias sem a devida investigação, julgamento e punição de nenhum dos responsáveis pelos assassinatos de nossos mais de 500 meninos, entre mortos e desaparecidos.

ASSISTA AO VÍDEO DE GERALDO ALCKMIN SE ESQUIVANDO SOBRE OS CRIMES DE MAIO DE 2006

De nossa parte, seguimos e seguiremos nos solidarizando com todas as verdadeiras vítimas do Estado: as Mães, Familiares e Amigos das pessoas injustamente presas, torturadas e mortas pela Polícia. Mães como as companheiras Dna. Cida, Dna. Elza e Dna. Ana Maria, que contaram um pouco das suas histórias e das mortes de seus filhos hoje no Jornal da Tarde (VER PRÓXIMO POST). Mães que tiveram as vidas de seus filhos roubadas pela polícia do coitadinho do Serra e seus comparsas, estes santos-homens...

Mães de Maio prestam solidariedade à Dona Elza (c/ a bolsa), Mãe de Eduardo (morto pela Polícia em abril de 2010)

Repudiamos também as declarações hipócritas dadas hoje pelo Comandante da Rota, Sr. Paulo Telhada, depois de mais um assassinato cometido pela polícia. Ele é o mesmo que, semanas atrás, apareceu na capa do lixo da revista Veja São Paulo fazendo, em coro com os editores deste lixo, uma verdadeira apologia ao fascismo e ao extermínio de pobres e negros no estado de São Paulo. Em posição de sentido, um esquadrão de PMs da Rota com boinas-negras - como os fascistas europeus - pregando o seguinte lema: "Deus no coração, pistola na mão!".

Capa da Revista Veja do início de Agosto de 2010: "Deus no coração, pistola na mão"

Sr. Paulo Telhada: Nós sabemos muito bem, no dia-dia, contra quem estas pistolas estão voltadas, e contra quem elas são usadas diariamente! Nós sabemos muito bem por quem o coração de vocês bate! E quem o coração de vocês odeia: nós que vos falamos!

Que tipo de sociedade vocês querem construir????

Depois de dar declarações e exemplos como este, depois das mortes e assassinatos que nós e nossas famílias vivemos na pele, eles vêm com frases cínicas e hipócritas, como as que o Sr. Telhada declarou hoje no Estadão e no Jornal da Tarde, fazendo-se de vítimas e de santos perante a população. "Como cidadão e pai de família, estou triste, pois este rapaz poderia ser um trabalhador". Nas entrelinhas é possível ler: EU mato todos aqueles que EU considero bandidos. Ele tenta legitimar o ilegitimável!

Quem são as verdadeiras vítimas, cara pálida? O Estado não tem o direito de tirar a vida de ninguém, e a banalização dos "autos de resistência" e das "resistências seguidas de morte" é uma maneira de encobrir a verdadeira ideologia que vocês deixam escapar de forma explícita: a defesa da propriedade e do capitalismo, custe o quê custar! Custe o extermínio em nossas carnes e em nossas almas: Nós, Trabalhadoras e Trabalhadores Pobres e Negros Moradores da Periferia! Nós que já morremos cotidianamente trabalhando para vocês, e que morremos tantas outras vezes assassinados pelos seus capatazes! Nós que não temos dinheiro nem posses, e temos a pele escura, e assim somos considerados automaticamente "suspeitos" ou "culpados" por vocês! Nós que o Deus de vocês odeia!

Vocês posam de vítimas como se não fizessem parte da construção de uma sociedade desigual e injusta, e de uma ideologia fascista, da lógica do extermínio que historicamente sempre teve muita força dentro da Rota. Vocês posam de vítimas como se vocês e sua polícia não participassem ativamente da corrupção e da violência cotidiana nesta sociedade capitalista que vivemos.

Uma lógica e uma prática fascista que está espalhada por todo o país: ACABAMOS DE RECEBER A NOTÍCIA de que Martinele Dutra foi assassinado ontem por volta das 13:30hs no Rio de Janeiro. Nossa Grande Companheira da Rede Contra Violência do Rio de Janeiro, a Guerreira Márcia Jacintho, que já havia perdido seu filho Hanry, assassinado pela polícia 6 anos atrás, agora perde também o seu primo Martinele. Toda Força do Mundo, Guerreira! Tâmo juntas!

PUNHOS CERRADOS!
MÃES DE MAIO


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Suspeito do atentado contra comandante da Rota é morto em Itaquera

Paulo Telhada afirmou 'não ter dúvidas' de que homem é o atirador que tentou matá-lo há um mês

02 de setembro de 2010 | 3h 57
Bruno Lupion, do estadão.com.br

SÃO PAULO - O suposto autor do atentado cometido há um mês contra o comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foi morto em confronto com a polícia na madrugada desta quinta-feira, 2, em Itaquera, zona leste da capital. O tenente-coronel Paulo Telhada, que está em férias, foi chamado para reconhecer o rapaz no hospital e afirmou "não ter dúvidas" de que ele é o atirador que tentou matá-lo em frente à sua casa.

JB Neto/AE
JB Neto/AE
Telhada foi vítima de um atentado em 31 de julho, na zona norte de São Paulo

O suspeito vinha sendo investigado pelo serviço reservado da Polícia Militar desde o atentado e era o principal suspeito do crime. Ele dirigia um Gol prata no começo da Avenida Jacu Pêssego quando foi abordado por viaturas da Rota, mas se recusou a parar e foi perseguido em alta velocidade por cerca de sete quilômetros.

Na Rua Serra de São Domingos, altura do nº 72, por volta da 0h30, o homem embicou o carro na garagem de um edifício residencial e saiu com uma pistola calibre 45 em punho, atirando, segundo os policiais. Eles reagiram com metralhadoras e o suspeito, baleado quatro vezes, morreu enquanto recebia atendimento no Hospital Santa Marcelina.

Telhada disse que tinha acabado de chegar de viagem quando foi chamado para reconhecer o homem no hospital. O comandante da Rota também compareceu, à paisana, ao local do crime e ao 32º Distrito Policial, de Itaquera, onde o caso foi registrado. "Sem sombra de dúvida, foi este indivíduo que disparou onze vezes contra mim no mês passado", afirmou. Segundo ele, o atirador estava no banco de passageiro do veículo que o abordou na porta de casa, na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, no final de julho.

Segundo a polícia, o Gol prata dirigido pelo criminoso não é roubado, mas pertence a uma pessoa procurada pela Justiça. Dentro do carro, havia um fuzil e cerca de 20 quilos de cocaína. Indagado sobre como se sente ao ver o criminoso morto, Telhada afirmou que "como cidadão e pai de família, estou triste, pois este rapaz poderia ser um trabalhador".

Atentado

Paulo Telhada foi vítima de um atentado por volta das 11 horas do dia 31 de julho deste ano, na zona norte de São Paulo, quando saía de casa, na Freguesia do Ó. O comandante da Rota deixava a garagem de casa em uma caminhonete quando um carro com dois homens parou em frente ao seu veículo. O passageiro abriu o vidro e disparou diversas vezes contra o policial. Telhada se abaixou dentro da caminhonete até a dupla de atiradores fugir e não foi baleado. Os disparos acertaram o carro do tenente-coronel, o muro da casa e um veículo estacionado na rua.


Texto atualizado às 18h05.

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