NOVO MANIFESTO PELA FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE MAIO, E FIM DA "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE"

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Caminhada contra a criminalização da pobreza será promovida neste sábado



http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=69776&idDepartamento=5&idCategoria=0

Sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 - 13h20

Praça das Bandeiras

Caminhada contra a criminalização da pobreza será promovida neste sábado

De A Tribuna On-line

Organizações sindicais e entidades da sociedade civil ligadas aos Direitos Humanos promovem neste sábado, em Santos, uma caminhada pública contra a criminalização da pobreza. A concentração está marcada para 9h30 na Praça das Bandeiras, no Gonzaga. Dali, os participantes seguem até a Aparecida.

A manifestação é uma resposta aos crimes cometidos como forma de opressão às minorias e, principalmente, aos pobres.

Com o objetivo de lembrar o Dia Universal dos Direitos Humanos, celebrado nesta sexta-feira, o encontro é realizado por sindicatos, ONG Educafro, Associação de Moradores da Vila Esperança, Pastoral do Menor, Círculo Palmarino, Coletivo de Mulheres da Baixada Santista e pela Mães de Maio - entidade formada por mães de jovens assassinados em 2006, no episódio conhecido como Crimes de Maio durante ataques de facção criminosa em todo Estado. Há fortes indícios do envolvimento de policiais nesses crimes.

Entre as reivindicações estão o fim do extermínio de jovens na Baixada Santista e a investigação dos Crimes de Maio em esfera federal, visto que o Estado arquivou os processos da série de homicídios sob a alegação de falta de provas. O movimento pede ainda o fim da criminalização do movimento sindical, da violência contra as mulheres e da homofobia.

Ao final do evento, haverá uma aula pública sobre garantia e violação de Direitos Humanos. As entidades estarão abertas a receber denúncias e dar orientações.

Prêmio
As Mães de Maio recebem na próxima segunda-feira, em Brasília, um prêmio nacional dos Direitos Humanos na categoria “enfrentamento à violência”. O título será dado pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos.

domingo, dezembro 05, 2010

Mães de Maio recebem Prêmio de Direitos Humanos



A organização Mães de Maio recebeu a mais alta condecoração do Governo Brasileiro a pessoas e entidades que se destacaram na defesa, promoção, enfrentamento e combate às violações dos Direitos Humanos no país: o Prêmio Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). O resultado foi divulgado no dia 19 de novembro e a cerimônia de premiação acontece no dia 13 de dezembro de 2010.

Por unanimidade, a Comissão de Julgamento entendeu que, na categoria de “Enfrentamento à violência”, a organização Mães de Maio mereceu a premiação, “pelo exemplo de mobilização social para cobrar do Poder Público o que o Poder Público deve fazer”. Ainda segundo a comissão, “o prêmio a elas tem ainda um efeito multiplicador de fortalecimento das atividades de controle social sobre as atividades da organização policial". Por fim, os selecionadores entenderam que “a repercussão da premiação poderia ajudar a romper o cerco da mídia local que não tem noticiado os lamentáveis acontecimentos de maio”.

A comissão é constituída por personalidades nacionais ou indivíduos com notórios serviços prestados à causa dos Direitos Humanos no Brasil e presidida pelo ministro Paulo Vannuchi. De acordo com a SDH/PR, também fizeram parte do grupo José Geraldo de Sousa Junior, Matilde Ribeiro, Maria Victoria Benevides, Solon Viola e Alci Marcus Ribeiro Borges.

A organização Mães de Maio se propõe a mobilizar familiares e amigos das vítimas dos “Crimes de Maio de 2006 em São Paulo” - extermínio de mais de 400 jovens afrodescendentes e pobres que a polícia chamou de “resposta” aos "ataques do PCC". Com o projeto As mães de maio da democracia brasileira – 5 anos dos crimes de maio de 2006: Verdade e justiça, ontem e hoje!, apoiado pelo Fundo Brasil por meio do edital 2010, a idéia é produzir vídeo e livro com depoimentos de familiares e realizar um ato em maio de 2011, no centro de São Paulo, na luta por verdade e justiça.

Confira a lista completa dos premiados em todas as categorias do 16º Prêmio Direitos Humanos.

MÃES DE MAIO: A DIFÍCIL DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO GENOCIDA NO BRASIL - por Raúl Zibechi


O sociólogo uriguaio Raul Zibechi escreve sobre a luta das Mães de Maio da Democracia Brasileira



"Meu filho se chama Edson e tinha 29 anos. Foi morto na rua, tinha ido comprar remédios e por gasolina em sua moto. Vivemos na Baixada Santista, num bairro de trabalhadores em São Paulo. Os policiais o seguiram e o mataram a 500 metros do posto de gasolina."

(Tradução de Fausto Brignol).


"Meu filho se chama Edson e tinha 29 anos. Foi morto na rua, tinha ido comprar remédios e por gasolina em sua moto. Vivemos na Baixada Santista, num bairro de trabalhadores em São Paulo. Os policiais o seguiram e o mataram a 500 metros do posto de gasolina. Embora haja contradições nas declarações, o Ministério Público não fez nada e arquivou o caso", disse Débora Maria da Silva, uma mulher de 50 anos, mãe de outras duas filhas.

Edison passou sete anos trabalhando em uma empresa de limpeza, tinha um filho e estava longe do perfil de delinqüente, porém sua pele era escura e vivia em um bairro pobre da Baixada Santista, no litoral do estado de São Paulo. No mesmo dia em que morreu Edison, o PCC - Primeiro Comando da Capital -, organização criminal de narcotraficantes, atacou postos de polícia e queimou vários ônibus. "A cidade ficou paralisada, parecia que tinha havido um terremoto", disse Débora.

A onda de violência na maior cidade da América do Sul, com 20 milhões de habitantes, começou em 12 de maio, depois que o governo da capital trasladou 765 presos de uma prisão de segurança máxima, que ficava a 620 quilômetros da capital. Um dos prisioneiros trasladados era o líder do PCC, Marcos William Herba Camacho, apelidado de Marcola, que dirigia a organização criminal desde a sua cela. Em três dias aconteceram 180 ataques a forças policiais e guardas penitenciários, morrendo 39 agentes e 38 bandidos, segundo estimativas oficiais, e foram incendiados mais de 100 ônibus e automóveis e uma dezena de sucursais bancárias.

Simultaneamente, foram registrados motins em 73 penitenciárias, que foram declaradas em estado de rebelião, das 144 que há em todo o estado. O diário conservador Folha de São Paulo alertou que no necrotério metropolitano haviam ingressado muito mais cadáveres do que informou o governo do estado: 272 mortos, enquanto o governo anunciava 172 mortos oficiais. Isso leva a suposição de que houve dezenas de assassinatos ilegais, que o diário atribuiu a encapuzados, que deveriam ser policiais. Em 24 de maio, quando ainda não havia terminado a repressão, as autoridades admitiram que das 300 vítimas reconhecidas somente 79 teriam relações com o crime organizado (1).

Naquele mesmo dia, a Anistia Internacional disse que estavam operando esquadrões da morte integrados por policiais, cujas vítimas somaram-se "aos cerca de 9 mil assassinatos perpetrados pela polícia brasileira, em sua maioria categorizados como casos de "resistência seguida de morte", sem investigação judicial, registrados entre 1999 e 2004" (2). Muitos acusaram o governador Claudio Lembo. A revista Exame se queixava de que a violência gera gastos equivalentes a 10% do produto interno bruto. O presidente Lula foi um dos primeiros a por o dedo na ferida: "O problema é a sociedade brasileira, estamos colhendo o que foi semeado neste país" (3).

NEM JUSTIÇA NEM LEI

"Algumas mães que tinham filhos que foram mortos pela polícia, os quais não tinham relação com a criminalidade, decidimos enfrentar o estado, porque é quem tem o controle da segurança. Como estávamos em período de eleições não queriam mostrar debilidade e decidiram enfrentar a raiva da população que queimou os ônibus, matando os jovens pobres", disse Débora. "Quando me dei conta que as mortes dos jovens aconteciam todas da mesma maneira e que eram todos trabalhadores, comecei a buscar as outras mães. Eles banalizaram as mortes porque desde acima lhes pediam números. Fiz um trabalho de formiga, visitando as casas das mães; muitas tinham medo e não queriam falar".

Em julho daquele mesmo ano começaram a reunir-se três mães para visitarem as delegacias policiais, conhecer os motivos das mortes e entrevistar as autoridades. Um ano depois das mortes, realizaram uma manifestação e uma missa, com cerca de mil pessoas com cartazes que diziam: "Bandidos são aqueles que matam inocentes". A maior parte dos mortos viviam na Baixada Santista. "O Estado arquivou todos os casos e não processou nenhum policial". Os números são muito claros: o Estado admite que houve 493 mortos por armas de fogo entre 12 e 20 de maio, dos quais o PCC matou 47. "Portanto, a polícia matou 446 pessoas", concluiu Débora.

Conseguiu demonstrar que a polícia havia mentido no caso do seu filho Edson e pôs em evidência as contradições no expediente policial. "Eles disseram que a rádio da polícia estava desligada, mas eu demonstrei o contrário". O mais doloroso - explica - foi que lhe fecharam todas as portas, porque o Estado arquivou todas as causas. Só lhe restou juntar-se com outras mães, esforçar-se por compreender uma situação que a desorientava e trabalhar para que isso não voltasse a acontecer.

Primeiro, decidiram chamar-se Mães de Maio e organizaram a associação "Mães e Familiares de Vítimas de Violência da Baixada Santista". Com o tempo, juntaram-se a elas pessoas que, inclusive, tinham sido afetadas pela ditadura militar e que não tinham tido força para reclamar por seus familiares, e quando elas apareceram se animaram a denunciar o que tinha acontecido décadas atrás. "Agora somos 17 mães só na Baixada e mais 4 em São Paulo. Já temos grupos em 13 estados, que são de familiares de pessoas que foram afetadas pela Polícia Militar", disse com orgulho. Trabalham com a "Rede Contra a Violência", do Rio de Janeiro e com mães do Espírito Santo, Minas Gerais, Belém, Pará, Acre e Pernambuco - entre os estados mais importantes.

Quando fala, ou mesmo quando se agita, Débora encontra certa calma: "Nossas reuniões são muito dolorosas, choramos, sentimos muita angústia porque a impunidade é o que dói mais, a gente cria um filho que é morto pelo Estado. Uma mãe não é morte, é vida. Nas reuniões da gente não aceitamos o que aconteceu, choro quando vejo uma foto do meu filho. Eu faço tratamento para depressão. Sou viúva porque meu marido morreu de maneira parecida com a morte do meu filho... E tenho um irmão desaparecido". Pelo que se ouve no Fórum Social da Bahia, a declaração de Débora parece ser a realidade de muitas famílias brasileiras.

GENTE QUE SOBRA

"O Estado extermina os pobres e negros favelados por que é mais fácil matá-los do que dar-lhes educação e saúde, porque para eles os pobres sobram. Os rapazes negros são os mais vulneráveis. A política de segurança deste país é uma política de extermínio, eles preferem cárceres a escolas. Aos jovens é aplicada uma figura que é a "resistência seguida de morte", o auto da resistência, que não existe no Código Penal", diz uma Débora politizada pela sua experiência de vida.

No entanto, não são somente opiniões de uma mãe sofrida. O livro "Crimes de Maio", publicado pelo CONDEPE (Conselho Estatal de Defesa da Pessoa Humana, de São Paulo), uma comissão independente integrada por membros do Ministério Público Federal, o Conselho Regional de Medicina, a Defensoria Pública (Cremesp) e várias entidades defensoras dos direitos humanos, chega a conclusões similares às de Débora.

Desiré Carlos Callegari, presidente do Cremesp, afirma que entre os mortos de maio houve maioria de homens (96,3%) e de jovens (45% tinham entre 21 e 31 anos; 16,5% entre 31 e 41 anos). Cada morto recebeu uma média de 5,8 disparos no dia 15 de maio. Dos 493 mortos, 43 foram vítimas de delinqüentes (23 policiais militares, 3 policiais civis, 3 guardas municipais, 9 agentes penitenciários e 4 cidadãos comuns. Dezessete foram presos que se haviam rebelado e 109 morreram em enfrentamentos. Porém, 87 foram mortos por assassinos não identificados "com indícios de execução com participação policial" (4).

O perito criminal Ricardo Mollina de Figueiredo, membro da comissão independente, analisou os casos rotulados como "resistência seguida de morte", ou seja, 124 mortos na semana de 12 a 20 de maio. O estudo de todos os casos revela: que na maioria dos casos as vítimas foram atingidas em regiões de alta letalidade; que os disparos foram feitos de pouca distância e que a maioria dos disparos foram feitos de cima para baixo.

Isso permite assegurar que "a combinação desses fatores aponta para uma situação compatível com execução e não com tiroteio. Em uma situação de confrontação seria altamente improvável que houvessem os três casos assinalados acima, o que nos permite dizer que houve execuções em 60 a 70% dos casos analisados" (5).

A Defensoria Pública de São Paulo disse mais ou menos a mesma coisa. Pedro Giberti, Subdefensor Público Geral, denuncia que houve desvio de conduta e abuso de autoridade. O pior é que esses elementos "não se transformaram, até o presente, em denúncias, sendo sepultados na fossa comum do arquivo, onde jaz a impunidade" (6).

Graças a essa comissão e ao trabalho das Mães de Maio, ficou na opinião pública a certeza de que houveram muitas execuções sumárias. A segunda conclusão, disse o próprio Estado: uma vez mais, ganhou a impunidade. A questão é grave porque em São Paulo os assassinatos voltaram a aumentar depois de dez anos. Nas periferias e nas cidades do interior e do litoral a violência segue crescendo. Na Baixada Santista, em um só ano os assassinatos subiram a 37,7%.


UM ESTADO GENOCIDA


Compreender como pode estar acontecendo tudo isso em um país que aspira a ser uma referência mundial, onde impera uma democracia já faz vinte anos, que conta com um governo progressista como o de Lula e que vai organizar os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, demanda em sondar em várias direções.

Rafael Dias, da ONG Defesa Global, acredita que no Brasil existe um Estado genocida porque "nunca houve uma ruptura entre o Estado da escravidão e o Estado moderno e temos agora um Estado elitista que funciona através da violência para separar os índios, os negros, os pobres, que são considerados com ameaças, como classes perigosas" (8). Em sua opinião, é uma questão de Estado, não de Governo". Por isso, nada mudou com o Governo instalado em 2003. "Agora temos o modelo de militarização das favelas, porque se segue considerando o pobre como um perigo permanente e este é a lógica da segurança pública".

Os membros do governo seguem tratando os favelados como lumpen, pessoas que estão fora da sociedade, disse Rafael Dias. "O governo não compreende a situação dos mais pobres, porque como não estão organizados em sindicatos nem em partidos, não formam parte do projeto político e acreditam resolver o problema aplicando políticas compensatórias, como o Bolsa Família. Estamos repetindo os três eixos que haviam durante a escravidão, o tríplice P: pão, pau e pano" (9).

Maurício Campos é engenheiro e trabalha na Rede Contra a Violência, do Rio de Janeiro, que nasceu em 2003 durante uma série de mobilizações das favelas contra a violência policial. "Nosso trabalho consiste no acompanhamento jurídico das pessoas que sofrem violência. A principal dificuldade para trabalhar nas favelas é a violência do Estado, o medo, os massacres, já que as pessoas que fazem trabalho permanente estão expostas às mesmas ameaças que atemorizam a população pobre" (10). Acredita que o massacre de Acari, em 1990, no Rio, quando mataram 11 jovens provocou uma mudança na sociedade já que "foi a primeira vez que houve uma grande reação coletiva dos familiares das vítimas".

Campos sustenta que não se pode fugir do problema da "relação econômica entre o crime organizado e a polícia, já que os delinqüentes não querem que se faça nenhuma denúncia contra, porque eles acertam com a polícia através de propinas. Para os ativistas sociais, a polícia é o primeiro problema, porque ela sempre ataca as organizações sociais". E acrescenta que "a violência contra os favelados vem crescendo porque a elite brasileira é a pioneira no mundo para atacar os pobres antes que se organizem. Em outros países, a violência da elite é reativa, porém aqui é preventiva, porque temos uma burguesia muito capaz, a mais lúcida da América Latina, contando com um aparato de dominação, como a Rede Globo, que você não vê em outros países".

O grande problema do tráfico de drogas, em sua opinião, é que "é um articulador de todas as atividades criminais, é um grande catalisador de toda a atividade ilegal". Por outro lado, "o aumento das lutas nos anos 70 e 80 foi liquidado com a repressão sob a ditadura, porém, quando retornou a democracia, a repressão direta foi freada e começou a criminalização dos pobres. É um processo incontrolável, porque o aparato policial tem uma autonomia incrível, ao ponto de nenhum governo se atrever a enfrentá-lo".

Este é um dos pontos chaves: a mudança social está vetada para a maioria pobre, negra e jovem. "Se houvesse um movimento social forte, muitos desses jovens deixariam de ter como referência o crime e se relacionariam com as lutas sociais. Os jovens são tragados por um processo, eles não elegem o crime, simplesmente está aí, e às vezes querem vingar-se da polícia, porque não há justiça, nem há organização social, nem guerrilha, e a única saída é entrar no tráfico", conclui Campos.

Não só os ativistas sociais tem este tipo de análise. Vale a pena ouvir uma das vozes mais importantes do lado conservador, pela boca de um dos mais altos cargos que teve de enfrentar o crime organizado em São Paulo, o ex-governador Claudio Lembo.

No dia em que Lembo se despediu de seu cargo, em 31 de dezembro de 2006, concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo, em que falou sobre os agitados dias de maio: "Na crise do PCC, figuras da minoria branca queriam a lei do talião. Queriam que matassem a todos, para preservar a eles, os da minoria branca. Isso foi o que mais me irritou. Estávamos em um momento extremamente difícil e tínhamos que mostrar que o Estado pode vencer dentro da lei. Me telefonavam, e uns poucos viram falar comigo" (11).

Lembo é um conservador que agora pertence ao partido Democratas (DEM) e que teve cargos ministeriais em São Paulo durante a ditadura militar. Perguntado pela jornalista sobre o que pedia a minoria branca, foi claro: "Que a polícia saísse às ruas, de noite, e realizasse execuções". Nunca disse quem são essas pessoas que queriam vingança, mesmo que nunca tivessem sido diretamente afetados pela violência. Porém, é claro que pertencem a essa minoria de ricos que utilizam o Estado para seu exclusivo benefício.

Em pleno conflito, Lembo disse que a violência só terminará quando a minoria branca mudar a sua mentalidade. "Temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa. O bolso dessa burguesia tem que se abrir para sustentar a miséria social brasileira no sentido de criar empregos, de que haja mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações". "Em que sentido são responsáveis?", pergunta a jornalista. "Na formação histórica do Brasil. Quando os escravos foram libertados, quem recebeu a indenização foi o amo, não os libertados, como aconteceu nos Estados Unidos. É um país cínico".

Se isso é o que pensa e sente um homem conservador, advogado e professor universitário de quase 80 anos, governador encarregado de reprimir a criminalidade e de alguma maneira membro dessa elite que critica, o que podem sentir os jovens de 15 a 18 anos, pobres, negros, desocupados, sempre perseguidos?

Débora o explica a seu modo: "O pobre não tem direito de chegar ao poder. Isso é para os filhinhos de papai".

Notas:
1. "Investigam atuação de grupos de extermínio em São Paulo", AFP e DPA, 24 de maio, São Paulo.
2. Idem.
3. Agência Reuters, São Paulo 19 de maio de 2006.
4. Agência Carta Maior, São Paulo 17 de fevereiro de 2007.
5. Idem.
6. Idem.
7. Mães de Maio, http://maesdemaio.blogspot.com/.
8. Entrevista a Rafael Dias.
9. En portugués: pan, palo y paño (tela).
10. Entrevista a Maurício Campos.
11. Folha de São Paulo, 31 de dezembro de 2006, entrevista de Mônica Bérgamo.
12. Folha de São Paulo, 18 de maio de 2006, entrevista de Mônica Bérgamo.

Web site: www.argenpress.info Autor: Raúl Zibechi (IRCAMERICAS)

quinta-feira, novembro 25, 2010

Crimes de Maio podem ser julgados na esfera federal

Transferência de competência será solicitada pela PGR ao Superior Tribunal de Justiça


RENATO SANTANA
DA REDAÇÃO – A TRIBUNA – 25/11/2010

A Procuradoria-Geral da Republica (PGR) vai pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a transferência de competência, a chamada federalização, dos inquéritos e processos arquivados envolvendo nove homicídios ocorridos em 2006, os chamados Crimes de Maio. O anúncio foi feito pela subprocuradora Déborah Duprat durante a reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) ocorrida em Campo Grande (MS). A federalização é um dispositivo constitucional. Sua função é transferir da esfera estadual processos e inquéritos, arquivados ou não, para a esfera federal. Há vários motivos pelos quais o pedido é feito, entre eles, quando o Judiciário arquiva investigações precocemente ou com falhas. A declaração da subprocuradora surpreendeu um dos autores do pedido de federalização, o defensor público de Santos e São Vicente, Antônio Maffezoli. Além dele, também defendia essa medida a ONG Justiça Global. "Eu não estava tão otimista. O acórdão (publicação da decisão do julgamento) do primeiro caso de federalização, o do Manoel Mattos (defensor de direitos humanos morto por grupo de extermínio no nordeste), não saiu ainda", disse. Presente à reunião, Maffezoli explicou que o caso de Mattos é fator condicionante para a transferência de competência dos Crimes de Maio por ser o primeiro e definir quais são os termos observados pelo STJ para deferir ou não o pedido. Os Crimes de Maio representam os assassinatos, cometidos por grupos de extermínio ou em ocorrências de resistência seguida de morte da Polícia Militar, de mais de 500 civis, durante a semana de 12 a 21 de maio de 2006, em represália aos ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

ARGUMENTOS

Segundo o defensor público, a subprocuradora argumentou que o caso dos assassinatos da Baixada Santista se adaptam ao dispositivo federal e que será apresentado. Apesar de não querer se antecipar, Déborah disse, ainda de acordo com Maffezoli e em resposta aos questionamentos feitos por conselheiros, que é completamente possível federalizar casos arquivados. Sobretudo quando as entidades e familiares envolvidos não confiam no Ministério Público. "Temos diversas testemunhas que não querem falar para a Polícia Civil ou promotoria locais. Não se sentem respaldados. Para se ter uma idéia, o MP pediu para as mães que levantassem provas", ilustrou o defensor público. A subprocuradora lembrou ainda que não há recurso contra arquivamento judicial no Brasil, o que intensifica o clamor da Procuradoria da transferência de competência.

OPERAÇÃO DE GUERRA

Para concretizar a federalização, uma verdadeira operação de guerra será organizada pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos. Estratégias serão traçadas nas mesmas proporções do caso Manoel Mattos. A primeira medida tomada foi a formação de uma comissão para acompanhar junto ao STJ o andamento do pedido. Mas ela não ficará apenas em Brasília. A comissão virá a Santos para questionar o Judiciário, MP e as autoridades policiais sobre o arquivamento dos processos através das falhas apresentadas nos inquéritos. Débora Maria da Silva, líder da organização Mães de Maio, esteve na reunião e disse estar muito satisfeita: "Meu filho foi enterrado com os projéteis no corpo. Isso jamais poderia ter acontecido. Só em âmbito federal isso poderá ser reparado".

sábado, novembro 06, 2010

Homem é assassinado com oito tiros na Aparecida, em Santos (TV Tribuna)

http://www.tvtribuna.com/videos/?video=4795


http://www.tvtribuna.com/noticias.asp?idnoticia=21487&idDepartamento=5&idCategoria=0

Polícia

Homem é assassinado com oito tiros na Aparecida, em Santos




Créditos: Reprodução / TV Tribuna

Um homem de 21 anos foi morto com cerca de oito tiros no final da noite desta sexta-feira, em Santos. O crime aconteceu no momento em que ele aguardava a namorada descer do apartamento onde mora, na Rua Frei Francisco Sampaio, no bairro da Aparecida. Testemunhas disseram que quatro homens, um deles armado, saíram do local momentos depois. A polícia desconfia que a vítima esteja envolvida com o tráfico de drogas, já que porções de maconha foram encontradas no veículo, e que ele tenha sofrido uma execução sumária.

Às 22h40, conforme registro da Polícia Civil, José Mário de Oliveira, como foi identificado, aguardava dentro do carro que conduzia, um Chevrolet Agile, a namorada. Os dois sairiam para jantar naquela noite. No momento em que ela descia as escadas do edifício de três andares onde mora, estampidos de tiros foram ouvidos. Assustada, voltou para o apartamento.

Instantes depois, a mulher desceu e encontrou o namorado ferido dentro do veículo. A polícia foi imediatamente acionada, assim como o serviço de resgate, que encaminhou-o para o Pronto Socorro da Zona Leste, onde morreu.

Segundo apurado, testemunhas dos fatos disseram ter visto quatro homens saírem de um outro carro, também Chevrolet, mas agora um Meriva de cor preta. Eles se aproximaram do veículo de José e dispararam contra ele. Os suspeitos fugiram sem deixar pistas do paradeiro.

Execução

A Polícia Civil esteve no local do crime na mesma noite. Investigadores conseguiram obter a informação de que o homem morto tinha algum envolvimento com o tráfico de drogas e que ele supostamente estava devendo determinada quantia aos acusados do crime.

No carro, registrado no nome da namorada, onde ele foi atingido pelos disparos, a perícia encontrou um tablete de maconha. No hospital, os médicos, por sua vez, localizaram outra porção da mesma droga, desta vez escondida sob a camiseta dele.

Todo o material foi apreendido e levado para investigação. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária. Ainda não há informações sobre os suspeitos.

As informações são de A Tribuna On-line e TV Tribuna.

terça-feira, outubro 26, 2010

Repórter de A Tribuna recebe prêmio Vladimir Herzog

http://www.tvtribuna.com/noticias.asp?idnoticia=20703&idDepartamento=5&idCategoria=14



Créditos: Fernanda Luz / A Tribuna


O repórter de A Tribuna, Renato Santana, recebeu na noite desta segunda-feira, em São Paulo, o troféu na categoria jornal da 32ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. O jornalista foi o vencedor pela série de reportagens Crimes de Maio, publicada em A Tribuna entre os dias 25 e 30 de abril deste ano.

Santana recebeu o prêmio das mãos de alguém especial. Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975 nos porões da ditadura militar.

Emocionado, declarou estar feliz e disse que a conquista representa mais que um grande prêmio. ´´É a luta pela liberdade e contra o facismo´´.

O autor das matérias, que denunciaram a ligação dos atentados ocorridos em 2006 com a existência de grupos de extermínio, fez ainda um agradecimento a Carlos Conde, editor-chefe de A Tribuna, a quem atribuiu coragem por incentivar a publicação de reportagens de grande repercussão.

O repórter fez agradecimentos à família e a amigos, especialmente às Mães de Maio, mulheres que lutam há anos por notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina.

Solenidade

A entrega do Prêmio Vladimir Herzog aconteceu diante de uma plateia lotada, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca).

Estiveram presentes à cerimônia o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, José Augusto de Oliveira Camargo, representantes da Regional Baixada Santista e Vale do Ribeira do sindicato, além do ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, e do senador Eduardo Suplicy (PT).

Violência

As matérias do repórter Renato Santana tiveram o objetivo de sensibilizar a sociedade e apresentar um balanço após quatro anos dos atentados atribuídos a membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e a policiais militares que fazem parte de grupos de extermínio.

A violência gerou um saldo assustador: a morte de 564 pessoas em todo o Estado de São Paulo, sendo 60 na Baixada Santista.

Para elaborar a série, ele precisou entrar em contato com parentes das vítimas e com os próprios sobreviventes do massacre e com policiais envolvidos nos crimes.

Naquele mês de maio de 2006, 21 dias de violência aterrorizaram várias cidades de São Paulo. Um revide aos ataques ocorridos no Dia das Mães, quando vários policiais militares foram mortos por integrantes do PCC.

Ao encontrar parentes e sobvreviventes da violência, Santana vivenciou o drama que se seguiu após os crimes. ´´Eles ainda lutam por justiça e são ameaçados. Os relatos mais dramáticos foram os de quem escapou das chacinas. Essas famílias foram arrebentadas e foi doloroso ficar perto delas´´.

Com a publicação da série, a Assembleia Legislativa implantou uma força-tarefa para resgatar o assunto e promoveu uma audiência pública em Santos, envolvendo todas as partes relacionadas aos espisódios. Por conta disso, a corregedoria da Polícia Militar reabriu as investigações sobre o envolvimento de policiais militares em grupos de extermínio.

O prêmio

O prêmio Vladimir Herzog foi criado pelo Sindicato dos Jornalistas e elege anualmente os melhores trabalhos que denunciam a repressão e o atropelo aos Direitos Humanos. A primeira edição ocorreu em 1978, durante a ditadura militar, com o objetivo de estimular os profissionaisa da Imprensa e jornalistas a denunciar abusos.

O nome da premiação é baseado na memória do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI/CODI, no ano de 1975, em São Paulo, que virou símbolo da liberdade de imprensa e Direitos Humanos no Brasil.

De acordo com a organização do prêmio Vladimir Herzog, mais de 300 trabalhos de todo o País concorrem a cada ano em onze categorias: Livro-reportagem / Artes / Fotografia / Jornais / Literatura / Rádio / Revista / Teatro / TV – Documentário e/ou Especial / TV – Jornalismo Diário e Imagem de TV.



Fonte: A Tribuna On-line

sábado, outubro 16, 2010

AGENDA LATINOAMERICANA 2011 SERÁ LANÇADA COM HOMENAGEM ÀS MÃES DE MAIO


AGENDA
LATINO-AMERICANA'2011:

«Que Deus?

Que Religião?»

Está na rua, esperando você e sua comunidade!

Agenda: 20 anos de serviço, desde 1992


Próximos lançamentos da Agenda:

- Dia 20 de outubro de 2010, às 19:30h
no Salão de Festas da Igreja São Judas Tadeu - Setor Coimbr, em Goiânia - GO,
com a presença de Zé Vicente.

- Dia 23 de outubro de 2010, às 10:00h
no SESC da Vila Mariana em São Paulo - SP

- Dia 05 de novembro de 2010, às 20:00h
no Centro de Convenções do Colégio Nossa Senhora das Dores em Uberaba- MG,
com a presença de dom Tomás Balduino e Zé Vizente.

Veja a apresentação do tema da Agenda Latinoamericana'2011, por Pedro CASALDÁLIGA
Veja o Índice dos conteúdos da Agenda,
e a visão de conjunto, por José María VIGIL.
Os nomes dos ganhadores dos concursos do ano passado
já estão nas páginas da Agenda Latino-americana'2011, já na rua.
Veja aqui as convocações para novos concursos da Agenda
nos quais participar até 31 de março de 2011.


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sexta-feira, outubro 15, 2010

PARABÉNS RENATO SANTANA: JORNALISTA DA VERDADE E DA JUSTIÇA!



Quinta-feira, 14 de outubro de 2010 - 17h53

Crimes de Maio

Repórter de A Tribuna ganha Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog

De A Tribuna On-line


Créditos: Reprodução
Capa da primeira edição da série Crimes de Maio, publicada no dia 25 de abril

O repórter de A Tribuna Renato Santana foi o vencedor da 32ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, categoria jornais, pela série de reportagens Crimes de Maio, publicada entre os dias 25 e 30 de abril deste ano.

As matérias tinham o objetivo de sensibilizar a sociedade e apresentar um balanço após quatro anos dos atentados atribuídos a membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e a policiais militares que fazem parte de grupos de extermínio. A violência gerou um saldo assustador: a morte de 564 pessoas em todo o Estado de São Paulo, sendo 60 na Baixada Santista.

Para elaborar a série, Santana precisou entrar em contato com parentes das vítimas e com os próprios sobreviventes do massacre e com policiais envolvidos nos crimes.

''Dois anos após os ataques, os crimes foram arquivados a pedido do Ministério Público. Quatro anos depois dos atentados, ninguém havia sido punido. Por isso, a ideia foi a de elaborar reportagens lembrando esses crimes e mostrando como os direitos humanos estavam sendo feridos, como a impunidade reinava nessa questão''.

Naquele mês de maio de 2006, 21 dias de violência aterrorizaram várias cidades de São Paulo. Um revide aos ataques ocorridos no Dia das Mães, quando vários policiais militares foram mortos por integrantes do PCC.

Ao encontrar parentes e sobvreviventes da violência, Santana vivenciou o drama que se seguiu após os crimes. ''Eles ainda lutam por justiça e são ameaçados. Os relatos mais dramáticos foram os de quem escapou das chacinas. Essas famílias foram arrebentadas e foi doloroso ficar perto delas''.

Lição

O repórter debruçou no tema por cerca de um mês e meio, até a a publicação da última edição da série, em 30 de abril. A dedicação a essa missão investigativa fez com que exaltasse a importância da verdadeira reportagem. ''Jornalismo sem reportagem é meio jornalismo'', afirma.

A públicação da série teve resultados. A Assembleia Legislativa implantou uma força-tarefa para resgatar o assunto e promoveu uma audiência pública em Santos, envolvendo todas as partes relacionadas aos espisódios. Por conta disso, a corregedoria da Polícia Militar reabriu as investigações sobre o envolvimento de policiais militares em grupos de extermínio.

''O prêmio tem uma importância especial, por ter sido organizado ainda no período da ditadura militar, em homenagem a um dos maiores jornalistas da história desse País - Vladmir Herzog, assassinado nos porões da ditadura. Essa conquista reconhece a importância do assunto, que é uma ferida para nós''.

A entrega do Prêmio Vladmir Herzog ocorrerá no dia 25 de outubro, às 19h30, no Tuca, Teatro da Universidade Católica de São Paulo.

O prêmio

O prêmio Vladimir Herzog elege anualmente os melhores trabalhos jornalísticos que denunciam a repressão e o atropelo aos Direitos Humanos. A primeira edição ocorreu em 1978, durante a ditadura militar, com o objetivo de estimular os jornalistas a denunciar abusos.

O nome da premiação é baseado na memória do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI/CODI, no ano de 1975, em São Paulo, que virou símbolo da liberdade de imprensa e Direitos Humanos no Brasil.

De acordo com a organização do prêmio Vladimir Herzog, mais de 300 trabalhos de todo o País concorrem a cada ano em onze categorias: Livro-reportagem / Artes / Fotografia / Jornais / Literatura / Rádio / Revista / Teatro / TV – Documentário e/ou Especial / TV – Jornalismo Diário e Imagem de TV.

Leia as reportagens da série 'Crimes de Maio':

Dia 25 de abril

Quatro anos. E ninguém foi punido

Dia 26 de abril

Polícia nega grupos de extermínio

Dia 27 de abril

Eles morreram. Ficaram as dúvidas

Dia 28 de abril

À noite e disfarçados. Assim agem os justiceiros

Dia 29 de abril

Justiça, não. Violação dos direitos da sociedade

terça-feira, outubro 05, 2010

A LUTA É UMA SÓ: MÃES DE MAIO ENCONTRAM-SE COM MADRES E ABUELAS ARGENTINAS, NOSSAS GUERREIRAS INSPIRADORAS


Foto de uma das obras do Parque da Memória, na Argentina


"A memória guardará o que valer a pena.
A memória sabe de mim mais que eu,
e ela não perde o que merece ser salvo"
Eduardo Galeano

No dia 23 de Setembro ocorreu em São Paulo um encontro realmente histórico! Enquanto muita gente se ocupava apenas com a disputa eleitoral em curso, outros se dedicavam à denúncia da grande mídia comercial brasileira no Sindicato dos Jornalistas, mas quem pôde estar no Auditório Novo da PUC-SP, lotado de estudantes, professores e militantes de diversos movimentos sociais, não nos deixa mentir...

Na ocasião nós, Mães de Maio da democracia brasileira, tivemos a honra de participar de um importante debate sobre o Direito à Memória, à Verdade e à Justiça – Contra o Terrorismo de Estado, junto a algumas das nossas queridas Guerreiras Inspiradoras Argentinas das Madres de Mayo e das Abuelas. Mães e avós das mais de 30.000 vítimas fatais (entre mortos e desaparecidos) da ditadura civil-militar na Argentina (1976-1983), que foram à Luta e seguem Lutando até hoje. Um convite que nos foi feito, muito especialmente, pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Seguridade e Assistência Social da PUC, Observatório de Violências Policiais e Comissão de Mortos e Desaparecidos.

Madres e Abuelas protestam contra o sequestro e assassinato de seus familiares

Para nós foi uma ocasião extremamente especial por diversas razões. Em primeiro lugar, devido ao ânimo e a emoção que nos foram proporcionadas ao conhecer pessoalmente algumas das Mulheres que tiveram importância decisiva na derrota da ditadura civil-militar argentina, e seguem tendo importante atuação dentro da sociedade portenha: as Guerreiras Estela, Lita, Carmen e Vera. Esta última que é xará de nossa companheira Vera Lúcia de Andrade Freitas, que compartilhou a mesa com elas e pôde contar um pouco de nossa recente experiência por aqui.

Vera Lúcia e Débora Maria, das Mães de Maio, encontram-se com Madres e Abuelas argentinas

Em segundo lugar, porque o testemunho de cada uma delas foi uma verdadeira lição de Vida, de Luta, e um grande incentivo para que nós, Mães de Maio do Brasil, sigamos cuidando de valorizar a formação de nossa consciência crítica, pois as Madres e Abuelas deram uma grande aula de História e de Política a todos os presentes, com a grande diferença de que além de procurar estudar elas também fizeram e fazem História, coletivamente!

Vera, das Mães de Maio (à direita), participa do debate com as Madres e Abuelas Argentinas

Em terceiro, pois a exibição do belíssimo documentário sobre o "Parque de la Memória" e sobre o Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado na Argentina apenas reforçou em nós a importância de termos cada vez mais, aqui no Brasil, novos espaços realmente dedicados à preservação crítica da Memória e da Verdade, revelando também o quanto é importante a utilização das diversas Artes para se conseguir avançar na elaboração do Luto frente ao Terrorismo de Estado que segue nos vitimando, e superá-lo por meio da Formação Crítica e da Luta por Justiça e Liberdade. "Recordar é necessário. Construir Memória é construir o Futuro", concluía o documentário.

Finalmente, o encontro também foi muito importante para selarmos um Compromisso com as Madres e com as Abuelas, de que dentro do possível faremos muito mais atividades de intercâmbio e de formação conjunta, tanto no Brasil quanto na Argentina. Espaços como o Parque da Memória e o Monumento em Homenagem às Vítimas do Terrorismo de Estado Argentino devem servir de modelo e de inspiração para outras iniciativas semelhantes aqui no Brasil, como o Memorial às Vítimas dos Crimes de Maio de 2006 que seguiremos lutando para tornar realidade. Assim, poderemos ter cada vez mais espaços onde haja discussão pública sobre a História Brasileira e Latino-Americana e, assim, possam assegurar uma preservação crítica da Memória e uma apropriação efetiva da Verdade Histórica pelos trabalhadores e trabalhadoras pobres do país, tornando-se espaços culturais e formativos fundamentais para o aprofundamento das Transformações Sociais que tanto precisamos.

Débora presenteia as Madres e Abuelas Argentinas com a camiseta das Mães brasileiras

E, para fechar com chave de ouro, ainda pudemos deixar com cada uma das cinco Guerreiras presentes uma humilde Homenagem das Mães de Maio do Brasil, pelo exemplo de Luta, de Consciência e de Radicalidade que essas Madres e Abuelas sempre representaram para nós, inspirando o nome de nosso movimento e significando renovada inspiração a cada novo dia. As camisetas que entregamos a cada uma delas também simbolizam toda a nossa Solidariedade Internacionalista e Inter-temporal. Elas estão convidadas desde já a estarem presentes no triste aniversário de 5 Anos dos Crimes de Maio de 2006, que será marcado por Homenagens e por Luta, assim como nós também queremos muito um dia poder visitá-las na Argentina.

Madres e Abuelas mostram sua Homenagem ao público, selando o Encontro Histórico


A LUTA NÃO TEM FRONTEIRAS DE TEMPO OU DE ESPAÇO!

CONSTRUIR MEMÓRIA É CONSTRUIR FUTURO!

A VERDADE, A JUSTIÇA E A LIBERDADE ROMPEM TODAS AS CERCAS DA HISTÓRIA!

MÃES DE MAIO

sábado, setembro 18, 2010

Denúncia de venda de ossos humanos em Cemitério de Santos


Caros Comp@s
Saudações!!!

Já não basta o Estado exterminar os nossos filhos cotidianamente, e ainda temos que conviver com esta Situação Bizzara! Agora mais um grande pesadelo que nós temos que lidar...

As Mães de Maio terão que se revezar a partir de hoje para vigiar os túmulos de nossos filhos, para que eles não sejam violados. É importante ressaltar muito bem que, neste Cemitério que apareceram as denúncias de tráfico de corpos e de ossos, estão enterrados 15 dos nossos meninos vítimas dos Crimes de Maio de 2006.

Eu, Débora Maria, sempre tive muito cuidado com o túmulo de meu filho, pois além de sagrado para mim, o corpo dele foi enterrado com uma bala alojada na espinha cervical. Estamos lutando há anos pela exumação do corpo dele, para ser feita a retirada da bala e se produzir novos elementos para as investigações (que seguem arquivadas!) .

Informo que já estamos discutindo este assunto na Câmara Municipal de Santos também, afinal o monitoramento desta situação parece que não está funcionando. E também temos desconfiança de que estão querendo jogar nas costas de um pedreiro toda a responsabilidade sobre um esquema muito maior. Isso também não admitiremos!

Não bastasse termos que lidar com a absurda omissão do Estado nas investigações e punições dos Crimes cometidos por seus agentes; não bastasse termos nós mesmas, por conta própria, que buscar elementos e provas para a proteção da Memória, da Verdade e da Justiça; estamos agora também tendo que ficar completamente vigilantes para termos certeza que os corpos de nossos filhos e filhas não sejam violados (nem tenham seus direitos violados!) mesmo debaixo da terra. E debaixo dos olhos do chamado "Poder Público"...

E assim caminha o nosso país...

SEGUIMOS ATENTAS!
Débora Maria,
Mães de Maio



Quarta-feira, 15 de setembro de 2010 - 21h52

Crime macabro

Pedreiro acusado de vender ossos humanos de cemitério em Santos nega envolvimento em esquema

Sandro Thadeu


Créditos: Irandy Ribas

O pedreiro Sidnei de Carvalho, suposto mercador de ossos humanos, negou qualquer envolvimento nesse tipo de esquema. Ele prestou depoimento na manhã desta quarta-feira, no 5º DP de Santos.

Os ossos estariam sendo retirados do Cemitério da Areia Branca, em Santos, e seriam supostamente vendidos para rituais de magia negra e estudantes de medicina.

Sidnei estaria comercializando dentes por R$ 10,00 e crânio por um valor que variava de R$ 350,00 a R$ 600,00, segundo o estado de conservação. As negociações foram gravadas e exibidas em um programa jornalístico, onde um repórter de uma rádio santista se passava por um comprador que tinha interesse em adquirir um crânio.

De acordo com o delegado do 5º DP, Flávio Máximo, o suspeito afirmou, por diversas vezes, que está sendo vítima de uma armação.

Ainda segundo o delegado, a voz do pedreiro parecia estar um pouco diferente da voz gravada, porém pessoas ouvidas até o momento confirmaram que a voz gravada é dele.

Máximo diz que, durante o depoimento, Carvalho entrou em contradição em alguns momentos. Não há, entretanto, provas concretas para indiciá-lo.

Leia a matéria completa na edição desta quinta-feira, em A Tribuna.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Contra os Golpismos Continuados


As Mães de Maio vêm cobrando seriamente, dos candidatos de nossa região, os debates sobre Segurança Pública. Vemos uma maquiação por parte de todos, sem exceção, sobre o tema.

Os candidatos a Governadores e mesmo os Presidenciáveis não têm cobrado, no caso aqui de São Paulo, dos governos tucanos pela responsabilidade em relação aos Crimes de Maio e o Genocídio Continuado Contra a Juventude Pobre e Negra.

Vemos quando os jornalistas fazem as perguntas sobre Segurança Pública eles sempre só falam dos policiais e seus familiares, e nunca se referem à Repressão e Execuções em massa contra os nosso filhos moradores da periferia.

Assim, o Governo do Estado segue livre para continuar agindo da mesma forma, inclusive tentando aumentar o Ibope de suas candidaturas às custas de mais-repressão na periferia, onde eles já praticam cotidianamente torturas e execuções sumárias.

ATÉ QUANDO???? ATÉ QUANDO????

CONTINUAMOS ATENTAS
MÃES DE MAIO


quarta-feira, setembro 08, 2010

Defensor Luis Carlos dos Santos sofre ameaças: estamos atentas!


O Defensor de Direitos Humanos de Cotia, Luiz Carlos dos Santos, está sendo perseguido por policiais militares a quem denunciou por graves violações de direitos humanos da região sul da Grande São Paulo

Seis policiais militares o sequestraram e o levaram para trás de um cemitério para ameaçar sua família. Disseram que não o matariam porque senão “ficaria muito na cara”, mas elencaram os nomes de seus filhos, seus endereços e o de suas escolas e ordenaram que parasse com as denúncias. Em consequência ele teve que retirar seus filhos de suas casas (moram em casas diferentes) e escondê-los.

Ele pede que todos os defensores de direitos humanos e militantes pressionem para que os casos que ele acompanha sejam devidamente investigados e punidos judicialmente.

CASO JHONATAN

No início de Agosto de 2010, o estudante Jhonatan Felipe Santos, de 15 anos, estava desaparecido há alguns dias, na região Itapecerica da Serra (Grande SP), e a família esperava por notícias. Mas Jhonatan foi encontrado morto no dia 05 de Agosto, no bairro de Parelheiros (Zona Sul de São Paulo-SP), com vários tiros no rosto e diversas queimaduras de cigarro pelo corpo.

Segundo testemunhas, o adolescente foi levado por dois homens que se identificaram como policiais. As testemunhas contaram que Jhonatan foi algemado pela dupla na Rua Major Telles, a principal rua de comércio de Itapecerica da Serra, e colocado dentro de um carro. Familiares e amigos contaram que ele era um rapaz calmo: "A vida dele era vir da escola para casa. À noite,
trabalhava numa pizzaria em Cotia e no fim de semana ajudava o tio, que é pedreiro" - diz a mãe do rapaz, Ana Maria Souza Santos.

O tio do rapaz, Ademar Souza Santos, contou que Jhonatan havia ido ao banco na sexta-feira (30/07) e "quando voltei ele não estava no banco. Uma pessoa me l igou, uma mulher conhecida disse que viu meu sobrinho ser abordado por policiais à paisana" - contou o tio.
Se tivesse sido preso em flagrante por policiais, o adolescente estaria na delegacia de Itapecerica. Mas, no local, ele não foi encontrado. Também não houve registro de que ele estivesse sendo procurado pela polícia.

O Defensor Luis Carlos dos Santos teve e está tendo um papel fundamental na elucidação deste e de outros vários casos semelhantes, que envolvem a atuação de agentes do estado e de paramilitares de extermínio.

AS MÃES DE MAIO PRESTAM DESDE JÁ TODA A SOLIDARIEDADE AO GUERREIRO LUÍS CARLOS DOS SANTOS!

SEGUIMOS ATENTAS E FIRMES COM VOCÊ!

MÃES DE MAIO

sexta-feira, setembro 03, 2010

ENQUANTO POLÍTICOS E CAPATAZES SE FAZEM DE VÍTIMA, A POLÍCIA DE SÃO PAULO SEGUE MATANDO PESSOAS NA PERIFERIA


Enquanto o Sr. José Serra tenta posar de vítima para criar um fato neste espetáculo eleitoral, as Mães de Maio vêm a público repudiar os assassinatos que seguem ocorrendo por parte da Polícia de São Paulo - a mesma Polícia comandada até pouco tempo pelo Sr. José Serra, e que segue sendo comandada por pessoas de seu grupo político. A pior violação que o Sr. Serra deveria estar discutindo é a violação de vidas humanas que a polícia de SP vem fazendo cotidianamente nas periferias de todo o estado.

Lembram-se dos Crimes de Maio de 2006? Quando também às vésperas de uma eleição a polícia e grupos paramilitares do estado de São Paulo, comandado à época pela mesma turma de Serra, Geraldo Alckmin e de Claúdio Lembo, matou mais de 500 pessoas pelas periferias durante o curto espaço de uma semana (de 12 a 20 de maio)? Nós nos lembramos bem, pois nossos filhos foram assassinados por policiais e grupos de extermínio naquela ocasião! E enquanto os Josés Serras, do dia para a noite, se escandalizam na TV para que apurem a violação de um sigilo de cartório, nós todas estamos a 4 anos, três meses e cerca de 15 dias sem a devida investigação, julgamento e punição de nenhum dos responsáveis pelos assassinatos de nossos mais de 500 meninos, entre mortos e desaparecidos.

ASSISTA AO VÍDEO DE GERALDO ALCKMIN SE ESQUIVANDO SOBRE OS CRIMES DE MAIO DE 2006

De nossa parte, seguimos e seguiremos nos solidarizando com todas as verdadeiras vítimas do Estado: as Mães, Familiares e Amigos das pessoas injustamente presas, torturadas e mortas pela Polícia. Mães como as companheiras Dna. Cida, Dna. Elza e Dna. Ana Maria, que contaram um pouco das suas histórias e das mortes de seus filhos hoje no Jornal da Tarde (VER PRÓXIMO POST). Mães que tiveram as vidas de seus filhos roubadas pela polícia do coitadinho do Serra e seus comparsas, estes santos-homens...

Mães de Maio prestam solidariedade à Dona Elza (c/ a bolsa), Mãe de Eduardo (morto pela Polícia em abril de 2010)

Repudiamos também as declarações hipócritas dadas hoje pelo Comandante da Rota, Sr. Paulo Telhada, depois de mais um assassinato cometido pela polícia. Ele é o mesmo que, semanas atrás, apareceu na capa do lixo da revista Veja São Paulo fazendo, em coro com os editores deste lixo, uma verdadeira apologia ao fascismo e ao extermínio de pobres e negros no estado de São Paulo. Em posição de sentido, um esquadrão de PMs da Rota com boinas-negras - como os fascistas europeus - pregando o seguinte lema: "Deus no coração, pistola na mão!".

Capa da Revista Veja do início de Agosto de 2010: "Deus no coração, pistola na mão"

Sr. Paulo Telhada: Nós sabemos muito bem, no dia-dia, contra quem estas pistolas estão voltadas, e contra quem elas são usadas diariamente! Nós sabemos muito bem por quem o coração de vocês bate! E quem o coração de vocês odeia: nós que vos falamos!

Que tipo de sociedade vocês querem construir????

Depois de dar declarações e exemplos como este, depois das mortes e assassinatos que nós e nossas famílias vivemos na pele, eles vêm com frases cínicas e hipócritas, como as que o Sr. Telhada declarou hoje no Estadão e no Jornal da Tarde, fazendo-se de vítimas e de santos perante a população. "Como cidadão e pai de família, estou triste, pois este rapaz poderia ser um trabalhador". Nas entrelinhas é possível ler: EU mato todos aqueles que EU considero bandidos. Ele tenta legitimar o ilegitimável!

Quem são as verdadeiras vítimas, cara pálida? O Estado não tem o direito de tirar a vida de ninguém, e a banalização dos "autos de resistência" e das "resistências seguidas de morte" é uma maneira de encobrir a verdadeira ideologia que vocês deixam escapar de forma explícita: a defesa da propriedade e do capitalismo, custe o quê custar! Custe o extermínio em nossas carnes e em nossas almas: Nós, Trabalhadoras e Trabalhadores Pobres e Negros Moradores da Periferia! Nós que já morremos cotidianamente trabalhando para vocês, e que morremos tantas outras vezes assassinados pelos seus capatazes! Nós que não temos dinheiro nem posses, e temos a pele escura, e assim somos considerados automaticamente "suspeitos" ou "culpados" por vocês! Nós que o Deus de vocês odeia!

Vocês posam de vítimas como se não fizessem parte da construção de uma sociedade desigual e injusta, e de uma ideologia fascista, da lógica do extermínio que historicamente sempre teve muita força dentro da Rota. Vocês posam de vítimas como se vocês e sua polícia não participassem ativamente da corrupção e da violência cotidiana nesta sociedade capitalista que vivemos.

Uma lógica e uma prática fascista que está espalhada por todo o país: ACABAMOS DE RECEBER A NOTÍCIA de que Martinele Dutra foi assassinado ontem por volta das 13:30hs no Rio de Janeiro. Nossa Grande Companheira da Rede Contra Violência do Rio de Janeiro, a Guerreira Márcia Jacintho, que já havia perdido seu filho Hanry, assassinado pela polícia 6 anos atrás, agora perde também o seu primo Martinele. Toda Força do Mundo, Guerreira! Tâmo juntas!

PUNHOS CERRADOS!
MÃES DE MAIO


Início do conteúdohttp://www.estadao.com.br/noticias/cidades,suspeito-do-atentado-contra-comandante-da-rota-e-morto-em-itaquera,604088,0.htm

Suspeito do atentado contra comandante da Rota é morto em Itaquera

Paulo Telhada afirmou 'não ter dúvidas' de que homem é o atirador que tentou matá-lo há um mês

02 de setembro de 2010 | 3h 57
Bruno Lupion, do estadão.com.br

SÃO PAULO - O suposto autor do atentado cometido há um mês contra o comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foi morto em confronto com a polícia na madrugada desta quinta-feira, 2, em Itaquera, zona leste da capital. O tenente-coronel Paulo Telhada, que está em férias, foi chamado para reconhecer o rapaz no hospital e afirmou "não ter dúvidas" de que ele é o atirador que tentou matá-lo em frente à sua casa.

JB Neto/AE
JB Neto/AE
Telhada foi vítima de um atentado em 31 de julho, na zona norte de São Paulo

O suspeito vinha sendo investigado pelo serviço reservado da Polícia Militar desde o atentado e era o principal suspeito do crime. Ele dirigia um Gol prata no começo da Avenida Jacu Pêssego quando foi abordado por viaturas da Rota, mas se recusou a parar e foi perseguido em alta velocidade por cerca de sete quilômetros.

Na Rua Serra de São Domingos, altura do nº 72, por volta da 0h30, o homem embicou o carro na garagem de um edifício residencial e saiu com uma pistola calibre 45 em punho, atirando, segundo os policiais. Eles reagiram com metralhadoras e o suspeito, baleado quatro vezes, morreu enquanto recebia atendimento no Hospital Santa Marcelina.

Telhada disse que tinha acabado de chegar de viagem quando foi chamado para reconhecer o homem no hospital. O comandante da Rota também compareceu, à paisana, ao local do crime e ao 32º Distrito Policial, de Itaquera, onde o caso foi registrado. "Sem sombra de dúvida, foi este indivíduo que disparou onze vezes contra mim no mês passado", afirmou. Segundo ele, o atirador estava no banco de passageiro do veículo que o abordou na porta de casa, na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, no final de julho.

Segundo a polícia, o Gol prata dirigido pelo criminoso não é roubado, mas pertence a uma pessoa procurada pela Justiça. Dentro do carro, havia um fuzil e cerca de 20 quilos de cocaína. Indagado sobre como se sente ao ver o criminoso morto, Telhada afirmou que "como cidadão e pai de família, estou triste, pois este rapaz poderia ser um trabalhador".

Atentado

Paulo Telhada foi vítima de um atentado por volta das 11 horas do dia 31 de julho deste ano, na zona norte de São Paulo, quando saía de casa, na Freguesia do Ó. O comandante da Rota deixava a garagem de casa em uma caminhonete quando um carro com dois homens parou em frente ao seu veículo. O passageiro abriu o vidro e disparou diversas vezes contra o policial. Telhada se abaixou dentro da caminhonete até a dupla de atiradores fugir e não foi baleado. Os disparos acertaram o carro do tenente-coronel, o muro da casa e um veículo estacionado na rua.


Texto atualizado às 18h05.